Giovanna Lancellotti investe na produção de vinhos; especialista avalia negócio em até R$ 2 milhões 1b6d30
Atriz visa começar produção de forma cautelosa e, se viável, evoluir para uma vínicola com experimentação 2t1r4i
A atriz Giovanna Lancellotti, de 30 anos, não se vê longe dos palcos, mas seu coração guarda espaço para mais de uma paixão. Desde a pandemia, ela, sua mãe e seu padrasto encontraram uma forma de manter os laços fortificados: dedicando-se a um negócio. 5u2t53
Como o vinho sempre esteve presente à mesa dos Lancellotti, decidiram cultivar seu próprio rótulo na mansão da família, localizada em São João da Boa Vista, no interior de São Paulo. O clima serrano colaborou para tornar o solo um dos melhores para o plantio da Syrah, que tem como provável berço o Vale do Rhône, na França.
“É tudo novo para nós, estamos sendo os primeiros da família nesse negócio. A minha família não tem experiência em nenhum tipo de cultivo, nem nas artes para ser honesta. A maioria é médico e advogado, nada ligado ao empreendedorismo [...] Nós já investimos um dinheiro no negócio, seja em hectares, pela uva, enfim, é um grande investimento”, contou a atriz em entrevista exclusiva ao Terra.
Sem experiência no ramo, os três dedicaram-se a estudar e investiram em uma equipe multidisciplinar [enólogo e agrônomo] para dar início ao negócio. No terreno da mansão de São João da Boa Vista, o melhor lugar para o cultivo foi escolhido, o solo foi preparado e iniciou-se o processo. Ao todo, leva-se anos até a fase de vinificação, etapa em que se faz da uva o vinho. Giovanna Lancellotti acredita que em 2025 deve vir a primeira safra.
“Ainda deve levar dois anos para que tenhamos a primeira colheita, enquanto isso temos lidado com toda a parte burocrática da marca, como o logotipo, como será o rótulo, trabalhando estratégias de divulgação [...] apesar de termos plantado uma uva específica, o solo e o clima afetam o sabor, então apenas saberemos suas verdadeiras propriedades na vinificação, mas o que esperamos é algo mais refinado”, explicou.
Um pouco mais sobre vinhos e investimentos
Lancellotti não entrou em detalhes sobre o valor aplicado no negócio, apenas disse ser um “grande investimento”. O que ela tem conhecimento é que o break-even da empresa, momento em que o dinheiro aportado retorna ao bolso, ainda está distante de acontecer.
A reportagem, então, conversou com André Donatti, enólogo chefe da vinícola campestre, para entender mais sobre o modelo de negócio e quanto dinheiro gira em torno disso.
Segundo ele, o valor investido muda de acordo com os objetivos do empresário. A família de Giovanna, por exemplo, possui 1,4 hectares plantados e ainda vão plantar 1,6 hectares. O total deve ser de 3 hectares. Em cálculo rápido e especulativo, André avalia o modelo de negócio na casa dos milhões.
“Tudo depende do volume [que se pretende produzir], vamos pensar em algo pequeno. Se tu plantar vinhedos próprios costuma-se gastar R$ 100 mil por hectare por área plantada, envolvendo arame e todo o projeto. Tem também toda a estrutura de alvenaria, tanques, prensas [...] somando tudo e dependendo de cada tipo de projeto pode-se gastar de R$ 1 a R$ 2 milhões”.
Quanto à uva Syrah, escolhida pela família Lancellotti, André cita que os cuidados com ela são específicos, mas não muito diferentes do que qualquer outra uva exigiria. Procedimentos como: análise e correção do solo, plantio e cuidados que envolvem o clima são constantes. Segundo ele, a produção do vinho geralmente ocorre no terceiro ano do vinhedo, podendo esse período variar devido ao tempo.
“A Syrah não é mais complicada que as outras. Tudo depende da região. No Sudeste, por exemplo, é capaz de fazer a dupla poda devido ao clima, então tem um desgaste maior da planta, é um pouco mais trabalhoso, não é difícil, mas tem que ter uma manejo bem conduzido”.
Com a colheita vem o processo de vinificação, que também exige um certo entendimento do negócio. O processo, geralmente, envolve armazenamento em câmara fria, separação da casca, moagem e em seguida fermentação alcoólica em tanques de aço inoxidável. As etapas podem mudar de acordo com o tipo de vinho que se deseja produzir.
Um vinhedo e um sonho
Ansiosa para que o negócio engate, Giovanna Lancellotti visita o vinhedo sempre que pode, geralmente em momentos de folga dos trabalhos como atriz. Seu namorado, Gabriel David, já ou por lá. Para ela, esperar é a parte mais difícil do processo. Apesar disso, a ideia é que tudo engatinhe como uma venda limitada e, escalando, torne-se uma vinícola familiar.
“Tem tudo para ser um vinho muito bom e se der certo no mercado nos próximos anos, pensamos sim em uma vinícola, algo maior, com um ambiente de experimentação e mais”.