Vídeo: Maior animal do mundo é visto no litoral de SP 2q5a10
Animal foi observado por instituto de conservação de vida marinha na cidade de Ilhabela; aparecimento da espécie é considerado raríssimo 596134
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Pesquisadoras do Viva Instituto Verde Azul, que promove estudos e ações para a conservação da vida marinha, avistaram na terça-feira, 27, uma baleia-azul (Balaenoptera musculus) na região de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. A aparição do cetáceo, considerado o maior animal do mundo, é raríssima no Brasil.
As baleias-azuis podem atingir 30 metros de comprimento e 180 toneladas. O exemplar avistado em Ilhabela tem cerca de 20 metros e, por isso, o entendimento é que se trata de um animal jovem, que ainda não atingiu a fase adulta.
A fundadora do instituto, Mia Morete, celebrou o avistamento. Ela conta que falou com outros seis especialistas de países como México, Estados Unidos e Canadá para consultar se realmente se tratava de uma baleia-azul e a confirmação foi unânime.
Foram avaliadas algumas características físicas no animal, além de seus movimentos no mar. A aparição do grande mamífero foi gravada pela equipe do Viva a partir do ponto de observação de pesquisa. Lá, elas já fazem esse monitoramento há cinco anos.
"Isso (presença da baleia na costa brasileira) é muito importante. A baleia-azul foi muito caçada no século ado e chegou à beirinha da extinção. Aos poucos está se recuperando, mas, ainda sim, é uma espécie criticamente ameaçada", afirmou Mia.
"Ilhabela é uma região onde a gente pode ver 14 espécies diferentes de cetáceos, incluindo a baleia-azul", continuou a pesquisadora. "Precisamos cuidar bem de Ilhabela. A gente precisa ter políticas públicas de proteção porque esse local é realmente privilegiado".
A bióloga Marina Leite Marque, outra integrante da equipe do instituto, também comemorou o avistamento do animal. "Nós fazemos expedições até o México para observá-las. E hoje a vimos no Brasil", disse à reportagem.
Ao Estadão, ela explicou que a aparição não é comum porque os poucos registros que existem de baleias-azuis no Estado de São Paulo - cerca de cinco, segundo a pesquisadora - foram feitos em áreas oceânicas. "Então, uma aparição perto da região costeira é algo bem raro. Aqui, na costa, foi o primeiro registro", afirmou.
Algumas espécies de cetáceos, como as baleias-jubartes, estão na temporada de migração. Elas se deslocam dos mares antárticos, aonde vão no verão para se alimentar, e nadam de volta rumo ao Brasil para a prática do acasalamento e alimentação dos filhotes durante as estações de outono e inverno.
Contudo, diz Marina, este não é o caso das baleias-azuis. "Esse comportamento migratório serve apenas para as baleias-jubartes e baleias-francas".
As pesquisadoras afirmam que não se sabe ainda o que levou a baleia-azul a se aproximar tanto da região costeira brasileira. Marina, no entanto, menciona algumas hipóteses, como influência de alguma corrente oceânica, ou mudanças do ambiente onde o animal estava e que o levaram a nadar para a costeira.
"Ela também pode não estar saudável. Não é algo que sabemos. Pelas nossas imagens, isso não deu para avaliar", disse.
Pelo registro feito, a baleia-azul aparenta estar sozinha. Mas, de acordo com as pesquisadoras, isso não significa que ela esteja viajando de forma solitária. "Esses animais se comunicam pelo som e conseguem fazer isso a quilômetros de distância. Então, é possível que ela esteja acompanhada de outra baleia que esteja mais distante".
Por esse motivo, Marina chama atenção para o fato de, por estar perto da costa, onde há mais ruídos, essa comunicação pode estar sendo prejudicada. E, apesar da felicidade de avistar o maior animal do mundo, ela ite que também que se preocupa.
"É uma alegria de poder ver esses animais, mas, ao mesmo tempo, (existe também) uma insegurança do não ter o entendimento dos motivos de estarem aqui, diz.
"A região costeira é o local onde há maior efeito das atividades dos seres humanos, como a agem de embarcações, poluição sonora, poluição de plásticos e material orgânico depositado. Tudo isso pode provocar impactos a esses animais que estão ando por ali", completa.
