O que se sabe sobre a psiquiatra investigada por manipular pacientes para conseguir empréstimos? 2l5o2l
Uma médica que atuava como psiquiatra no Rio de Janeiro é acusada de usar a relação com pacientes para obter empréstimos em dinheiro. Os relatos levaram a polícia e o Conselho Regional de Medicina a investigar a conduta da profissional. 2b4f4b
Relatos ouvidos pelo Fantástico indicam que Mara Faget, ex-diretora do Instituto Pinel, aproveitava-se da fragilidade emocional dos pacientes para fazer pedidos financeiros. Os valores, segundo as vítimas, nunca foram devolvidos.
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"Eu fui ficando com confusão mental. Minhas primas perceberam que havia algo errado. Aí foi que eu falei: 'Bom, a Mara me pediu dinheiro e está em cima de mim'", disse uma das mulheres envolvidas, que optou por manter o anonimato.
A paciente procurou ajuda profissional em 2014 para lidar com compulsão por compras. Segundo ela, durante as sessões, a médica misturava atendimento e confidências pessoais, alegando problemas familiares e dificuldades financeiras. Foi nesse contexto que os primeiros pedidos de dinheiro surgiram.
"Ela contou que o marido dela estava doente, o plano de saúde não estava cobrindo, que ela precisava de dinheiro. Aí ela me pediu dinheiro dentro da consulta de psicanálise", relatou.
De acordo com a vítima, o envolvimento financeiro começou com um valor pequeno e se agravou com o tempo. "Eu comecei com cinco mil, depois ela foi pedindo. E eu fiquei então insolvente e fui morar de favor na casa da minha prima."
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O caso ganhou repercussão após denúncias formais. Mara foi indiciada por estelionato e, em 2024, firmou um acordo judicial no qual reconhece uma dívida de R$ 90 mil, com pagamento parcelado. Os empréstimos feitos pela vítima somaram R$ 92 mil.
Apesar da cassação de seu registro médico pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) em 2021, a médica continuou atendendo em seu consultório no Leblon. Desde então, ou a se apresentar como psicanalista — título que não exige formação médica.
A jornalista e ex-paciente Laren Aniceto foi uma das responsáveis por revelar detalhes do caso. Em sua investigação, feita como trabalho de conclusão de curso, Laren ouviu 38 pessoas ligadas à médica.
"Ela pode convencer qualquer pessoa daquilo que ela quer como se as pessoas fossem marionete", afirmou.
Segundo Laren, mesmo com o registro cassado, Mara emitiu recibos de atendimento com número de CRM e usou carimbo profissional, o que caracteriza exercício ilegal da medicina.
O Cremerj esclareceu que "uma pessoa com registro cassado não pode exercer a medicina no país", e que, se o fizer, "configura-se como exercício ilegal da profissão, tratando-se de um ato criminoso".
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que Mara Faget foi exonerada do cargo de diretora da unidade em 2018 e que, desde janeiro de 2023, não mantém qualquer vínculo com o serviço público.
A defesa da médica nega as acusações, alegando que são "levianas e carecem de qualquer respaldo fático ou jurídico". Em nota, os advogados afirmaram que ela "jamais atuou como médica sem ter o registro" e que "não tem qualquer condenação judicial por estelionato". Também afirmam que Mara busca reverter judicialmente a cassação do registro profissional.
