'Todo mundo era irmão de todo mundo': guia relata emoção na Praça de São Pedro com anúncio do papa Leão XIV 211l2e
"Pessoas de todos os continentes conversando, mesmo sem falar a mesma língua", disse o guia turístico Giorgio Conte ao Terra nd70
Brasileiros e pessoas de todo o mundo celebraram com emoção na Praça de São Pedro o anúncio do papa Leão XIV, ressaltando a união e a fraternidade universal no evento histórico.
Brasileiros, africanos, europeus, jovens sorrindo, senhores ajoelhados, mães com crianças pequenas, mulheres grávidas de sete ou oito meses. Padres distribuindo bênçãos, músicas em dezenas de idiomas ecoando sob o céu nublado do Vaticano. Na tarde desta quinta-feira, 8, a Praça de São Pedro se transformou em uma celebração global à espera da fumaça branca. Entre aplausos, lágrimas e cantos, o guia turístico Giorgio Conte, de 42 anos, resumiu o que via diante de si: “Todo mundo era irmão de todo mundo.” 1523x
Guia turístico desde 2016, Giorgio já visitou a praça diversas vezes, tantas que perdeu as contas. No entanto, nesta quinta-feira, o clima era diferente. Ele estava preparado para ir todos os dias, até a fumaça branca aparecer.
Ele chegou por volta das 9h30 (horário local) e ficou até o fim. “Quando cheguei, tinha gente, mas não estava muito cheio. Ao aproximar do horário que saiu a fumaça, aí começou a encher. Quando saiu, tinha um monte de pessoas correndo, um monte, para chegar logo na Praça”, contou ao Terra.
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O anúncio da eleição de Leão XIV, nome escolhido pelo cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, emocionou o guia. “Naquele momento, todos que estavam lá naquela praça, naquela rua, gritaram. [Tinha] gente chorando. Eu também fiquei muito emocionado. Chorei muito.”
"As pessoas se abraçavam, gritavam, cantavam. Era uma festa de família. Pessoas de todos os continentes conversando, mesmo sem falar a mesma língua".
Ao seu lado, estava uma pessoa que saiu de Goiânia para estar presente. A mulher havia sido diagnosticada com pressão ocular elevada em ambos os olhos, com risco de perda da visão.
Durante uma visita ao Catedral de Nápoles, Giorgio a levou para receber uma bênção do bispo local, que estava com o sangue de São Januário. "Quando ela voltou para Goiânia, ela me disse que não precisava mais da cirurgia, que foi curada", compartilhou Giorgio. Agora, ela retornou à Praça de São Pedro como demonstração de gratidão e fé.
Junto com a emoção, no entanto, veio uma pontada de decepção quando circulou a notícia de que o novo líder da Igreja Católica é um americano. Conforme Giorgio, ele esperava um brasileiro, um italiano, ou até um "outsider" (estranho) - tudo menos um americano. "Eu sempre pensei que não quero saber nada da nacionalidade do papa. Para mim, pode ser até o papa da Lua, desde que seja um ótimo sucessor de Pedro e de Francisco. Mas eu não era muito fã de um papa americano", confessou.
Após saber mais sobre sua trajetória missionária no Peru, no entanto, mudou de ideia: "Depois de alguns momentos, entendendo qual era a pessoa, entendi que gosto dele."
Para Giorgio, o momento do anúncio ficará para sempre marcado em sua memória. "Eu fico muito feliz de participar dessas coisas que deixam o entendimento que somos todos irmãos. Me relembrou como é bom ser filho de Deus e, sobretudo, irmãos entre pessoas que não se conhecem", concluiu.