Franco-israelenses são investigados por suspeita de participação em bloqueio de ajuda humanitária em Gaza 6w4p1q
A Procuradoria Nacional Antiterrorismo da França (PNAT) abriu uma investigação judicial sobre cumplicidade em genocídio, incitação ao genocídio e cumplicidade em crimes contra a humanidade. A ação tem como alvo vários franco-israelenses suspeitos de participar de bloqueios de ajuda humanitária destinados à população da Faixa de Gaza entre janeiro e maio de 2024, informou a Agence -Presse. 244762
A Procuradoria Nacional Antiterrorismo da França (PNAT) abriu uma investigação judicial sobre cumplicidade em genocídio, incitação ao genocídio e cumplicidade em crimes contra a humanidade. A ação tem como alvo vários franco-israelenses suspeitos de participar de bloqueios de ajuda humanitária destinados à população da Faixa de Gaza entre janeiro e maio de 2024, informou a Agence -Presse. 244762
Essa decisão judicial segue duas reclamações de partes civis apresentadas em novembro de 2024. Uma foi feita pela União Judaica sa pela Paz (UJFP) e uma vítima franco-palestina. A outra foi pelas associações Advogados pela justiça no Oriente Médio e pela Coordenação dos esforços para uma paz justa no Oriente Médio (CAPJPO-Europalestina, na sigla em francês).
As acusações referem-se a ações destinadas a impedir fisicamente a agem de caminhões de ajuda humanitária nos postos de fronteira de Nitzana e Kerem Shalom, controlados pelo exército israelense.
Essas ações são atribuídas a membros ou apoiadores dos grupos "Israel is forever" (Israel é eterno) e "Tzav-9", apresentados como pró-israelenses e alguns de seus membros seriam de nacionalidade sa. A queixa apresentada pela CAPJPO baseia-se, em particular, em imagens e declarações públicas que mostram ações de bloqueio realizadas por ativistas pró-israelenses.
"Estamos muito satisfeitos com essa decisão, que é perfeitamente consistente com as provas factuais e legais apresentadas pelas partes civis", disseram à AFP as advogadas da UJFP, Damia Taharraoui e Marion Lafouge. Na opinião delas, o período sob investigação, de janeiro a maio de 2024, "corresponde a uma época em que ninguém queria ouvir falar de genocídio".
Processos semelhantes em outros países 4j4v2s
Essa iniciativa judicial sa ocorre em um momento em que Israel está sob crescente pressão internacional para encerrar sua campanha militar em Gaza, que foi lançada em resposta ao ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Procedimentos semelhantes foram iniciados em vários países europeus, incluindo a Suíça, a Holanda e a Alemanha. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant também são alvo de um pedido de mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional, por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Em janeiro de 2024, o Tribunal Internacional de Justiça já havia solicitado a Israel que "impedisse qualquer ato de genocídio". E em maio o chefe de operações humanitárias da ONU pediu aos líderes mundiais que "agissem para evitar o genocídio".
Festividade em meio a fome e bombardeio o591z
O bloqueio alimentar na Faixa de Gaza tem se tornado um problema ainda mais grave nas últimas semanas. O porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Jens Laerke, afirmou recentemente que "Gaza é o lugar com mais pessoas famintas do mundo", onde "100% da população está ameaçada de fome".
O problema não afeta somente o cotidiano dos moradores do enclave palestino, mas também a sua vida religiosa. Nesta semana, é comemorado o Aid al-Adha, ou festa do sacrifício, uma das celebrações mais importantes do Islã. Entretanto, a festividade irá acontecer mais uma vez em meio a bombardeios e à fome, uma vez que Israel continua a atacar o enclave.
O Estado israelense também desmantelou as redes de distribuição de ajuda humanitária da ONU e as substituiu pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF). A entidade, apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, distribuiu quantidades irrisórias de alimentos entre o final de maio e o início de junho, antes de suspender suas operações.
"Nada para cozinhar, nada para comer (...) Meus netos estão chorando de fome e eu não tenho nada para dar a eles. Não espero nada dos israelenses: nem água, nem comida. Só quero que eles nos deixem em paz. Mas os líderes árabes! Eu nunca os perdoarei! Que eles me ouçam, a mulher palestina: você está fingindo rezar? Mas isso não adianta quando Gaza está com fome. Vocês fingem ser bons muçulmanos? Mas não adianta quando Gaza está com sede e oprimida", lamenta a palestina Oum Mohamed, em uma tenda de refugiados, às vésperas do festival.
O Aid al-Adha é a festa do sacrifício, "mas em um território que está sangrando e exposto à fome, sacrificar um cordeiro que custa mais de US$ 5 mil é algo em que ninguém pensa", diz o pai de família Farès.
"Eu gostaria de ter feito uma verdadeira oração de Aid. Mas que pena, nem isso é possível mais, não temos mais mesquitas. Todas as mesquitas de Gaza foram destruídas. Vamos rezar do lado de fora", conclui o palestino.
Rinate, uma pequena órfã, sonha com um vestido para o festival: "Quando papai era vivo, eu tinha tudo o que queria. E o Aid era o feriado mais bonito com ele". Seu pai e toda a sua família foram mortos em um ataque israelense este ano.
(RFI com AFP)