Vídeo engana ao alegar que governo Lula só é aprovado por dois grupos entrevistados em pesquisa 2gn34
LEVANTAMENTO GENIAL/QUAEST MOSTROU QUE AVALIAÇÃO É A PIOR DESDE JANEIRO DE 2023, MAS EM SEGMENTOS COMO O DOS HABITANTES DO NORDESTE APROVAÇÃO CONTINUA MAIOR 394at
O que estão compartilhando: vídeo em que o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) afirma que a pesquisa de avaliação do governo Lula da Genial/Quaest teria apontado que só dois grupos ainda apoiam o presidente: beneficiários do Bolsa Família e pessoas com escolaridade abaixo da quarta série. c1s37
O Estadão investigou e concluiu que: é enganoso. Embora a pesquisa mostre que a aprovação a Lula atingiu o pior patamar numérico desde janeiro de 2023, o presidente ainda é aprovado por categorias não citadas no vídeo, como nordestinos e pessoas que haviam votado no petista em 2022. Outro erro é falar em um grupo de pessoas com escolaridade menor que a quarta série. A pesquisa divide o nível de educação em "até ensino fundamental", "ensino médio completo" e "ensino superior completo". O primeiro segmento engloba pessoas que estudaram do primeiro ao nono ano.
A reportagem procurou Bilynskyj, autor do vídeo, mas não recebeu resposta.
No grupo dividido por faixa etária, também há uma categoria em que a aprovação aparece numericamente acima da desaprovação. Entre as pessoas com 60 anos ou mais, 52% aprovam o trabalho que o presidente vem fazendo, contra 45% que desaprovam. Aqui, a margem de erro é de cinco pontos, por isso o cenário é considerado um empate técnico.
Em relação à escolaridade, há um empate técnico entre aprovação e desaprovação das pessoas que cursaram até o ensino fundamental. Foram 50% que aprovam contra 47% que desaprovam. A margem de erro para essa categoria é de quatro pontos.
Cenário parecido é apresentado entre as pessoas que ganham até dois salários mínimos. A pesquisa aponta que o governo tem a aprovação de 50% dessas pessoas, contra a desaprovação de 49%. A margem de erro é de quatro pontos.
Outro grupo ignorado no vídeo é o de eleitores do segundo turno. Entre a categoria que votou em Lula, 74% aprova o governo. Quando é avaliada a categoria de posicionamento político, a aprovação também aparece entre os lulistas/petistas (89%) e entre quem não se considera lulista/petista, mas se posiciona mais à esquerda (77%).
Conforme o doutor em Estatística e Probabilidade Marcos Antonio da Cunha Santos, professor do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a análise do deputado é uma maneira enviesada de ver a pesquisa. Em muitos quadros, disse, o resultado é equilibrado. "A porcentagem de quem aprova está próxima de quem reprova, às vezes perto da margem de erro", observou.
Apesar desses resultados estatisticamente próximos, Cunha Santos destaca que em parte das categorias a situação do governo Lula é bastante ruim. "Quando você olha o Sudeste, por exemplo, é uma diferença grande". Nesta região, 69% dos entrevistados desaprovam o governo e 32% aprovam. A margem de erro neste caso é de seis pontos percentuais.
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Também há grandes diferenças em outras categorias, como sexo masculino (50% de desaprovação contra 39% de aprovação); mais jovens (60% contra 37%); superior completo (64% contra 33%); renda acima de cinco salários mínimos (61% contra 38%); e evangélicos (66% contra 30%).
A pesquisa compara resultados atuais com os levantamentos feitos desde julho de 2024 pelo mesmo instituto. Como informado anteriormente pelo Estadão, a avaliação piorou em segmentos que apresentavam cenários favoráveis a Lula. O governo não recuperou, por exemplo, a margem de aprovação que tinha anteriormente entre nordestinos, de 69% na primeira pesquisa.
Além disso, há tendência de queda entre os menos escolarizados e famílias com menor renda. O mesmo ocorre entre beneficiários do Bolsa Família, citados no vídeo do deputado. A aprovação caiu de 67% em julho de 2024 para 51%.
