'C*gão', 'traidor da pátria': Braga Netto atacou militares que rejeitaram plano golpista; veja prints 5b2l4h
Mensagens estão em documento da Polícia Federal que embasam a Operação Tempus Veritatis, que tem como alvo Bolsonaro e aliados 4u511
O ex-general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice da chapa de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022, é um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira, 8. Em mensagens de WhatsApp obtidas pela autoridade policial, Netto aparece atacando militares que não estavam apoiando o plano golpista, em tese, articulado por Bolsonaro e aliados. 67i40
Em conversa de 14 dezembro de 2022 com Ailton Barros, ex-militar que já foi candidato a deputado estadual pelo PL, partido de Bolsonaro, Netto chama o então general Freire Gomes de ‘cagão’ e diz que “omissão e indecisão não cabem a um combatente”.
Freire Gomes assumiu o comando do exército em março de 2022 por indicação de Jair Bolsonaro, e deixou o cargo em dezembro. No ano ado, em meio a investigações da Polícia Federal, foram obtidas conversas do dia 15 de dezembro em que Ailton Barros e Mauro Cid também falavam sobre pressionar Freire Gomes para que “ele faça o que tem que fazer”.
Também no dia 15 de dezembro, Ailton enviou a Braga Netto, conforme novas conversas obtidas pelo Terra que embasam a operação: “Se o FG tiver fora mesmo. Será devidamente implodido e conhecerá o inferno astral”.
Outros ataques 6c5qp
Outros militares também foram alvos de críticas e xingamentos de Braga Netto. Em outra ocasião, ele xinga o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira, o chamando de “traidor da pátria”.
A partir disso, ele cria ‘memes’ com o intuito de desmoralizar Baptista Junior e, em paralelo, pede para que o almirante-de-esquadra Almir Garnier Santos fosse elogiado.
“As referidas mensagens vão ao encontro, conforme aponta a Polícia Federal, dos fatos descritos pelo colaborador Mauro Cid, que confirmou que o então Comandante da Marinha, o Almirante Almir Garnier, em reunião com o então Presidente Jair Bolsonaro, anuiu com o Golpe de Estado, colocando suas tropas à disposição do Presidente, tudo de acordo com as imagens acima lançadas”, escreveu o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, relator da da determinação emitida a partir de solicitação da Polícia Federal também analisada pela Procuradoria-Geral da República.
Sobre a investigação, autorizada, Moraes indica que a autoridade policial apresenta indicativos de uma “a real expectativa que permeava o grupo quanto à permanência no poder, discorrendo ainda sobre a relação entre os todos os cinco eixos de atuação da organização criminosa que, embora ostentem finalidades específicas, foram utilizados como e para verdadeira execução de um golpe de Estado no Brasil.”.
A investigação x6o51
A operação batizada de Tempus Veritatis investiga organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.
São cinco crimes principais que movem a investigação:
• Ataques virtuais a opositores;
• Ataques às instituições (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral;
• Tentativa de golpe de estado e de abolição violenta do estado democrático de direito;
• Ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia e;
• Uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens como: o uso de suprimentos de fundos (cartões corporativos) para pagamento de despesas pessoais; a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina; e o desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-presidente da república, Jair Bolsonaro, ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação com o fim de enriquecimento ilícito.
Conforme apuração do Terra, a operação gerou quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas de prisão – que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos aportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
O advogado de Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, afirmou na manhã desta quinta-feira, 8, que o ex-presidente irá entregar seu aporte às autoridades. Horas depois, a PF confiscou o documento durante mandado de busca e apreensão na sede do PL, em Brasília.
Até o momento, foram presos:
Filipe Martins - Ex-assessor especial de Bolsonaro;
Marcelo Câmara - Coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família do ex-presidente;
Rafael Martins - Major das Forças Especiais do Exército;
Bernardo Romão Corrêa Netto - Coronel do Exército (mandado ainda não cumprido, já que o alvo está nos Estados Unidos).
Outros alvos:
Conforme descrito em decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, obtidas pelo Terra, foi autorizada a busca e apreensão de armas, munições, dispositivos eletrônicos e quaisquer outros materiais relacionados aos fatos investigados nos endereços de:
- Ailton Barros - Coronel reformado do Exército.
- Almirante Almir Garnier Santos - Ex-comandante-geral da Marinha;
- Amauri Feres Saad - Advogado apontado como mentor intelectual da minuta golpista apresentada a Bolsonaro;
- Anderson Torres - Delegado da PF e ex-ministro da Justiça;
- Angelo Martins Denicoli - Major da reserva
- General Augusto Heleno - Ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Cleverson Ney Magalhães - Coronel de Infantaria lotado no Comando de Operações Terrestres (Coter);
- Eder Lindsay Magalhães Balbino - Empresário sócio da Gaio Innotech Ltda, empresa de tecnologia da informação sediada em Uberlândia;
- General Estevam Theophilo Gaspar De Oliveira - Ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
- Guilherme Marques Almeida - tenente-Coronel então no Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter);
- Hélio Ferreira Lima - Tenente-coronel;
- José Eduardo de Oliveira e Silva - Padre de Osasco, na grande São Paulo;
- Laércio Vergílio - general de Brigada reformado;
- Mario Fernandes - general, ex-Chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República;
- General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira - Ex-ministro da Defesa;
- Ronald Ferreira De Araújo Júnior - Oficial do Exército;
- Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros - Coronel;
- Tércio Arnaud Tomaz - Ex-assessor de Bolsonaro, conhecido como um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”;
- General Braga Netto - Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
- Valdemar Costa Neto - Presidente do PL, partido de Bolsonaro;
- Bernardo Romão Correa Neto, Filipe Martins, Marcelo Câmara e Rafael Martins, que foram presos preventivamente, também são alvos de busca e apreensão pela operação.
Eles teriam atuado em o que a PF classificou como seis núcleos para operacionalizar medidas para desacreditar o processo eleitoral, planejar a execução de um golpe de Estado e agir de forma antidemocrática, para a permanência do grupo no poder.