A música pode curar, mas também é, muitas vezes, resultado da dor. Foi essa a poderosa mensagem que Billy Joel, aos 76 anos, compartilhou durante sua emocionante participação no Festival de Tribeca, em Nova York. 4p6bj
O lendário cantor e compositor revelou, pela primeira vez em detalhes, que tentou tirar a própria vida duas vezes durante os turbulentos anos 1970.
A revelação veio à tona no documentário "Billy Joel: And So It Goes", que teve pré-estreia no evento. Joel, conhecido por sucessos como Piano Man e Just the Way You Are, abriu o coração e expôs uma parte de sua história que sempre esteve à sombra do brilho de sua carreira.
Segundo o artista, tudo começou após o colapso da banda Attila, que dividia com o baterista Jon Small uma parceria que terminou de forma trágica quando Joel se envolveu com a esposa do amigo.
"Eu estava dormindo em lavanderias. Não tinha onde morar, nem para onde ir. Estava completamente perdido e deprimido", contou. O rompimento da amizade, o fim do projeto musical e a culpa por suas escolhas colocaram o jovem músico num buraco emocional profundo.
Billy Joel: Do fundo do poço ao despertar criativo 69y
Billy não escondeu o quão sombrios foram os pensamentos que o atormentaram. "Cheguei ao ponto de quase perder a noção da realidade. Pensei: 'Chega. Não quero mais viver'", relatou com honestidade comovente.
A primeira tentativa de suicídio foi tão séria que o deixou em coma. A segunda, surpreendentemente, acabou nas mãos daquele que ele mais havia magoado: o próprio Jon Small.
Foi Small quem o socorreu e o levou ao hospital, dando início não só à recuperação física de Joel, mas também a uma inesperada reconciliação entre os dois. Esse reencontro foi simbólico uma espécie de redenção silenciosa e o primeiro o para que o cantor desse início ao processo de reconstrução emocional.
Após algumas semanas internado numa clínica psiquiátrica, Joel fez uma escolha que mudaria tudo: transformar dor em música.
"Percebi que podia canalizar aquelas emoções em algo criativo. Em vez de acabar comigo, aquilo podia me inspirar", declarou.
E foi exatamente isso que aconteceu. Daquele período sombrio, surgiu uma força artística avassaladora, que impulsionou sua carreira e o levou ao status de um dos maiores compositores do século XX. O sofrimento não desapareceu, mas ganhou forma, melodia e letra. E assim, Billy Joel encontrou, na arte, o caminho de volta para si mesmo.
Hoje, ao dividir essa parte íntima de sua jornada, o artista mostra que a vulnerabilidade não enfraquece — humaniza. E que, mesmo em meio ao caos, há sempre uma chance de renascer com uma canção.